sexta-feira, 9 de julho de 2010


A I Semana de Humanidades é um evento promovido pelo Núcleo de Ciências Humanas (NCH) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e ocorrerá de 30 de agosto a 3 de setembro de 2010 em Porto Velho.

O objetivo é congregar e divulgar o trabalho de pesquisadores (professores, técnicos administrativos e estudantes) do NCH da UNIR e da comunidade acadêmico-científica em geral. Pretende-se reunir trabalhos de ensino, pesquisa e extensão, das áreas de Ciências Sociais, História, Filosofia, Educação, Letras, Artes e áreas afins. São priorizadas as atividades desenvolvidas sob a ótica da interdisciplinaridade.

Mais informações pelo telefone (69) 2182-2144 ou pelo e-mail: humanidades.unir@gmail.com

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores

 Deve-se ou não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A questão, que divide educadores e semeia insegurança entre pais, está --ao lado da pergunta sobre o ensino da tabuada-- entre as mais ouvidas pela consultora em educação e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima. A resposta, porém, não é trivial.
Quem tem letra feia pode ter de trocar a de mão pela de forma
Quatro ou cinco décadas atrás, a dúvida seria inconcebível. Escrever à mão era só em cursiva e, para garantir que a letra fosse legível, os alunos eram obrigados desde cedo a passar horas e horas debruçados sobre os cadernos de caligrafia.
A profesora Silvana D'Ambrosio, do colégio Sion, na cidade de São Paulo, ajuda o aluno Mateus Yoona fazer letra cursiva
Veio, contudo, a pedagogia moderna, em grande parte inspirada no construtivismo de Piaget, e as coisas começaram a mudar. O que importava era que o aluno descobrisse por si próprio os caminhos para a alfabetização e a escrita proficiente. Primeiro os professores deixaram de cobrar aquele desenho perfeito. Alguns até toleravam que o aluno levantasse o lápis no meio do traçado. Depois os cadernos de caligrafia foram caindo em desuso até quase desaparecer.
O segundo golpe contra a cursiva veio na forma de tecnologia. A disseminação dos computadores contribuiu para que a letra de imprensa, já preponderante, avançasse ainda mais. Manuscrever foi-se tornando um ato cada vez mais raro.
No que parece ser o mais perto de um consenso a que é possível chegar, hoje a maior parte das escolas do Brasil inicia o processo de alfabetização usando apenas a letra de forma, também chamada de bastão.
Tal preferência, como explica Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG, tem razões de desenvolvimento cognitivo, linguístico: "No momento em que a criança está descobrindo as letras e suas correspondências com fonemas, é importante que cada letra mantenha sua individualidade, o que não acontece com a escrita "emendada' que é a cursiva; daí o uso exclusivo da letra de imprensa, cujos traços são mais fáceis para a criança grafar, na fase em que ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras".
O que os críticos da cursiva se perguntam é: se essa tipologia é cada vez menos usada e exige um boa dose de esforço para ser assimilada, por que perder tempo com ela? Por que não ensinar as crianças apenas a reconhecê-la e deixar que escrevam como preferirem? Essa é a posição do linguista Carlos Alberto Faraco, da Universidade Federal do Paraná, para quem a cursiva se mantém "por pura tradição". "E você sabe que a escola é cheia de mil regras sem qualquer sentido", acrescenta.
A pedagoga Juliana Storino, que coordena um bem-sucedido programa de alfabetização em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, é ainda mais radical: "Acho que ela [a cursiva] é uma das responsáveis pelo analfabetismo em nosso país. As crianças além de decodificar o código da língua escrita (relação fonema/ grafema) têm também de desenvolver habilidades motoras específicas para "bordar' as letras. O tempo perdido tanto pelo aluno, como pelo professor com essa prática, aliada ao cansaço muscular, desmotivam o aluno a aprender a ler e muitas vezes emperram o processo".
Esse diagnóstico, entretanto, está longe de unânime. O educador João Batista Oliveira, especialista em alfabetização, diz que a prática da caligrafia é importante para tornar a escrita mais fluente, o que é essencial para o aluno escrever "em tempo real" e, assim, acompanhar a escola. E por que letra cursiva? "Jabuti não sobe em árvore: é a forma que a humanidade encontrou, ao longo do tempo, de aperfeiçoar essa arte", diz.
Magda Soares acrescenta que a demanda pela cursiva frequentemente parte das próprias crianças, que se mostram ansiosas para começar a escrever com esse tipo de letra. "Penso que isso se deve ao fato de que veem os adultos escrevendo com letra cursiva, nos usos quotidianos, e não com letras de imprensa".
Para Elvira Souza Lima, que prefere não tomar partido na controvérsia, "os processos de desenvolvimento na infância criam a possibilidade da escrita cursiva". A pesquisadora explica que crianças desenhando formas geométricas, curvas e ângulos são um sério candidato a universal humano. Recrutar essa predisposição inata para ensinar a cursiva não constitui, na maioria dos casos, um problema. Trata-se antes de uma opção pedagógica e cultural.
Souza Lima, entretanto, lança dois alertas. O tempo dedicado a tarefas complementares como a cópia de textos e exercícios de caligrafia não deve exceder 15% da carga horária. No Brasil, frequentemente, elas ocupam bem mais do que isso.
Ainda mais importante, não se deve antecipar o processo de ensino da escrita. Se se exigir da criança que comece a escrever antes de ela ter a maturidade cognitiva e motora necessárias (que costumam surgir em torno dos sete anos) o resultado tende a ser frustração, o que pode comprometer o sucesso escolar no futuro.
O que a ciência tem a dizer sobre isso? Embora o processo de alfabetização venha recebendo grande atenção da neurociência, estudos sobre a escrita são bem mais raros, de modo que não há evidências suficientes seja para decretar a morte da cursiva, seja para clamar por sua sobrevida.
Há neurocientistas, como o canadense Norman Doidge, que sustentam que a escrita cursiva, por exigir maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro, é mais eficiente do que a letra de forma para ajudar a criança a adquirir fluência.
Outra corrente de pesquisadores, entretanto, afirma que, se a cursiva desaparecer, as habilidades cognitivas específicas serão substituídas por novas, sem maiores traumas. 

Redundâncias


1. A frase é: “Parreira vai pôr Juninho em campo para ser o elo de ligação entre a defesa e o ataque.”
O mais adequado seria: “Parreira vai pôr Juninho em campo para ser o elo (ou fazer a ligação) entre a defesa e o ataque.”
Todo ELO é de LIGAÇÃO. Isso é uma redundância. É uma repetição semelhante a “subir para cima”, “ambos os dois”, “planejamento antecipado”, “hemorragia de sangue”, “surpresas inesperadas” e outros pleonasmos.

2. A frase é: “O filme é baseado em fatos reais.”
Ouvimos isso com muita frequência. Estou “louco” para assistir a um filme baseado em FATOS IRREAIS. Ora, todo FATO é “real”, caso contrário não é fato. “Fato concreto”, “Fato verídico”, “Fato ocorrido” e “Fato acontecido”
são “belos” exemplos de redundâncias ou pleonasmos.
Basta, portanto, usarmos a palavra FATO, ou seja, “o filme é baseado em FATOS” ou, se você preferir, “o filme é baseado numa história real”. Uma história pode ser real ou não.
É interessante lembrar que a ênfase, para alguns, justifica tantas redundâncias que ouvimos por aí: “consenso geral”, “evidência concreta”, “protagonista principal”, e outras mais.

3. A frase é: “Eu gostaria que você escrevesse a minha autobiografia.”
O certo é: “Eu gostaria que você escrevesse a minha biografia.”
Uma autobiografia é a “biografia de si mesmo”. A “minha autobiografia” só pode ser escrita por mim mesmo. Eu escrever a “minha própria autobiografia” é redundante e você escrever a “minha autobiografia” é impossível.
Muita gente considera o verbo suicidar-se uma redundância. Quanto à etimologia (=origem da palavra), o verbo suicidar-se é redundante. O argumento basicamente é o seguinte: o verbo “suicidar” vem do latim “sui” (”a si” = pronome reflexivo) + “cida” (=que mata). Isso significa que “suicidar” já é “matar a si mesmo”. Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo “se”. O raciocínio é o seguinte: se o formicida mata formigas, se o inseticida mata insetos e se o homicida mata homens, o suicida só pode matar a si mesmo. Por outro lado, se observarmos o uso contemporâneo do verbo “suicidar-se”, não restará dúvida: ninguém diz “ele suicida” ou “eles suicidaram”. O uso do pronome reflexivo “se” junto ao verbo está consagradíssimo. É um caminho sem volta. É um pleonasmo irreversível.
O verbo “suicidar-se” hoje é tão pronominal quanto os verbos “arrepender-se”, “esforçar-se”, “dignar-se”… Da mesma forma que “ela se esforça” e “eles se arrependeram”, “ela se suicida” e “eles se suicidaram”.

4. A frase é: “Quanto ao seu requerimento, o diretor deferiu favoravelmente.”
O melhor é: “Quanto ao seu requerimento, o diretor deferiu.”
Se o diretor deferiu, só pode ser favoravelmente. Se não fosse uma decisão favorável, o diretor teria indeferido o seu pedido. Temos aqui uma redundância, ou seja, todo deferimento só pode ser favorável. Se for uma decisão contrária, temos um indeferimento. Deferir significa “aprovar, aceitar, despachar”. É por isso que na parte final de um requerimento, encontramos frequentemente: “Nestes termos. Pede deferimento”. Se você já assinou algum requerimento sem saber o que estava pedido, agora já sabe: você está solicitando a aprovação do seu pedido, que o seu requerimento seja aceito.
E não confunda deferir com diferir. Deferir é “aprovar, aceitar” e diferir é “diferenciar, distinguir”. Se você quer diferir uma coisa da outra, significa que você quer “fazer diferença”. Assim sendo, diferir é sinônimo de diferenciar ou, se você preferir, diferençar. Diferir, diferençar e diferenciar estão devidamente registrados como sinônimos em nossos dicionários. Qual usar? Você decide.

5. A frase é: “Ele vai analisar o resultado do laudo.”
O adequado é: “Ele vai analisar o laudo.”
Todo laudo já é um resultado, portanto “resultado do laudo” é uma redundância. Deve ser evitada. Quem fala “resultado do laudo” não deve saber que o laudo já é um resultado ou confunde laudo com exame. Se falarmos em “analisar o resultado do exame”, não há redundância. Isso significa que podemos “analisar o laudo” ou “analisar o resultado do exame”.
Fato semelhante ocorreu com aquele aluno que escreveu na sua redação do concurso vestibular que adorava “surpresas inesperadas”. Ora, se não fosse inesperada, não haveria surpresa. Ele adora surpresas e ponto final. Isso me faz lembrar aquele marido “previdente” que teria escrito para a amada esposa antes de retornar de uma longa viagem: “Chegarei de surpresa na próxima sexta-feira, no voo da Varig das 10h da noite”.

6. A frase é: “O projeto não foi aprovado, porque não houve consenso geral.”
O mais adequado é: “O projeto não foi aprovado, porque não houve consenso.”
Todo consenso é geral, não há “consenso individual ou particular”. Trata-se, portanto, de uma redundância. É o mesmo que pleonasmo: “hemorragia de sangue”, “encarar de frente”, “previsão para o futuro”, “duas metades”…
Se o juiz mandar “repetir de novo” a cobrança do pênalti, pode ser uma redundância ou não. Se for pela segunda vez, basta repetir. É possível “repetir de novo”, desde que seja pela terceira ou quarta vez.

7. A frase é: “Você precisa autocontrolar-se.”
O certo é: “Você precisa controlar-se.”
O verbo “autocontrolar-se” não existe. Os nossos dicionários registram o substantivo autocontrole (=controle de si mesmo) e o verbo controlar. Portanto, se você precisa controlar a si mesmo, basta controlar-se. “Autocontrolar-se” seria uma forma redundante.
Em nossos dicionários não encontramos o verbo “autocontrolar-se”, porém há registro de “autocriticar-se”, “autodefender-se”, “autodenominar-se”, “autodestruir-se”, “autodisciplinar-se”, “autoenganar-se”, “autogovernar-se”…

Fonte
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ELETRONORTE - Usina de Samuel e Br 364 devem sofrer bloqueio no próximo dia 30 de Julho


A obra abandonada de uma ponte sobre o rio Jamari em Itapuã do Oeste e a omissão da Eletronorte S.A. para resolver o problema pode provocar o fechamento da Br 364 na altura do município no próximo dia 30 de julho. É o que garante os lideres comunitários, que também não descartam uma ação mais ousada, com a interdição dos portões da Usina de Samuel, na altura do Km 45, no município de Candeias do Jamari.

As ações seriam uma forma de protesto contra a “lerdeza” e descaso da empresa em compensar a comunidade pelos danos causados pelo lago da Usina. Construída através de convênio com a Eletronorte como forma de compensação social à comunidade atingida pelo lago da Usina de Samuel, o esqueleto de concreto está há seis anos aguardando conclusão. Com as cabeceiras corroídas, parte de sua estrutura já no fundo do lago de Samuel, a obra da ponte é um símbolo do descaso de como é tratado o povo nas questões das compensações sociais e ambientais para as comunidades atingidas.

Apesar do caso e a ameaça da população, a Eletronorte até agora não se pronunciou oficialmente sobre o caso, não emitindo qualquer comunicado, muito menos dando um prazo para a solução do problema que já se arrasta há cerca de 10 anos.

Fontes ligadas ao grupo de geração de energia disseram que pelo fato do problema estar sendo resolvido na esfera judicial, nada pode ser feito até pelo menos até o mês de setembro.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

COPA DE 2014 SEDIADA NO BRASIL- VANTAGENS E DESVANTAGENS

Em 2014, o Brasil sediará a Copa do Mundo e em 2016 as olimpíadas. Os principais benefícios que eventos como esses podem trazer para um país, em especial para as cidades-sede , são: os investimentos em transporte, educação, habitação, complexos viários, viadutos, obras de sinalização e promoção de acessibilidade, investimentos esses que mesmo depois de terminado o evento continuarão no país beneficiando sua população. De acordo com Domingues (2000, p. 6).

A promoção de grandes eventos esportivos tem sido a estratégia de diversos países para atração e de atenção internacional. Os benefícios econômicos desse evento retratam um argumento utilizado para justificar o esforço e o gasto público para sediar tais eventos [...] os mega-eventos esportivos podem representar como um catalisador de aceleração do processo de investimento em áreas cruciais que já deveriam ter ocorrido.

Além disso, há geração de empregos, investimento do setor privado como redes de hotelaria, restaurantes, etc. Também um fator relevante durante o período do evento, são os turistas que geram retorno dos investimentos feitos nas cidades, aumentando os recursos locais, geração de empregos para atender a demanda. Em discurso, Lula disse que “estamos assumindo a responsabilidade como nação de provar ao mundo que temos uma economia crescente e estável. Temos uma economia estabilizada. Temos muitos problemas, sim, mas com homens determinados a resolvê-los". Ou seja, a copa torna-se assim um evento lucrativo para o país.

Apesar dos grandes investimentos nas cidades-sedes e no planejamento da copa, se não há uma previsão de uso da infra-estrutura montada para o evento, após o término do mesmo, podem ocorrer perdas aos cofres públicos. Os governantes precisam assumir grandes gastos após os eventos para manutenção das estruturas, que apesar de passarem a ser pouco usadas necessitam desses investimentos. Por exemplo, “a Grécia que gasta cerca de R$ 202 milhões por ano para manter suas construções depois das olimpíadas e a cidade de Montreal que somente em 2006, após 30 anos da realização dos Jogos Olímpicos, conseguiu sanar uma dívida, cerca de R$ 2,8 bilhões” (Golden Goal, 2010).

Para evitar e amenizar tais situações é preciso prévio planejamento e investimento em incentivos ao esporte e cultura para que as estruturas não caiam em desuso, é recomendável também avaliação da demanda de mão de obra e serviços em longo prazo de residentes locais, por exemplo: investimentos na especialização de mão de obra, para outros fins que gerem lucro as comunidades locais estimulando o crescimento da renda e trabalho, o que possibilitará maior arrecadação de impostos que poderão ser usados para financiar as despesas adicionais e novos projetos.

Eventos como a copa e olimpíadas podem ocasionar redução de verbas públicas destinadas a fins específicos como saúde e educação, que são utilizadas para construção da infra-estrutura necessária para realização dos eventos esportivos, ou seja, se não houver fiscalização e auditorias por partes dos órgãos responsáveis, como Ministério Público e Tribunais de Contas, a população mais carente pagará um alto preço pela realização de tais eventos. Por isso é preciso especial atenção a essas despesas que não podem usar verbas destinadas a outros fins (básicos e essenciais para a população em geral).

Outro fator negativo que, pode ocorrer ao sediar copa do mundo ou/e Olimpíadas, pode trazer ao país é o “turismo sexual” durante o evento, no qual crianças e adolescentes podem ser aliciadas para esse fim, ocasionando a ascensão do número de gravidezes indesejadas e até mesmo o aumento de doenças sexualmente transmissíveis.

A empolgação com as perspectivas de melhoria da infra-estrutura e de atração de investimentos com a Copa do Mundo não se repete quando o assunto é outro: os problemas sociais decorrentes de uma competição esportiva desse porte. O possível aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes, que preocupa organizações da sociedade civil e do poder público que atuam na área, está entre as potenciais consequências negativas da Copa. PYL (2010).

Inclusive o secretário estadual-adjunto de Turismo do Rio Grande do Norte, Túlio Serejo, confirma que “não há representantes da sociedade civil ou de órgãos que trabalhem com a exploração sexual infanto-juvenil no comitê estadual da Copa 2014”. PYL (2010).

É relevante que haja investimento em programas de conscientização e apoio a criança e ao adolescente principalmente tendo em vista um evento desses, com campanhas explicativas e maior ênfase na investigação e punição de casos de exploração sexual infanto-juvenil, exigindo assim um trabalho ágil e eficaz por parte dos órgãos responsáveis pela defesa da criança e do adolescente, como o Conselho Tutelar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Termina o sonho do hexa.

Eliminada da Copa, seleção brasileira retorna ao Brasil neste sábado 

Avião sai de Joanesburgo às 16h de Brasília. Primeira parada será no Rio de Janeiro e a segunda em São Paulo. Jogadores ganham folga.

Seleção brasileira já tem a programação de retorno ao Brasil. Eliminados da Copa do Mundo da África do Sul pela Holanda (veja os gols no vídeo), os jogadores saem de Porto Elizabeth neste sábado, às 17h (12h de Brasília), com destino a Joanesburgo.
De lá, a delegação verde e amarela embarca para o Rio de Janeiro (Galeão) às 21h (16h de Brasília). Depois disso, o voo segue para São Paulo (Guarulhos), destino final da aeronave.
Nesta sexta-feira, os jogadores já estão liberados da concentração. Mas a tendência, segundo a diretoria de comunicação da CBF, é que nenhum deles saia para curtir folga, até por conta da precoce eliminação no Mundial.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

AS CINCO LEIS DA BIBLITECONOMIA E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Maria Luiza de Almeida Campos
Professora Assistente do Departamento de Documentação/UFF
Doutoranda em Ciência da Informação/IBICT


RESUMO

As cinco Leis da Biblioteconomia - princípios elaborados pelo bibliotecário indiano Shialy Ramamrita Ranganathan para a área de Biblioteconomia, são analisadas neste artigo sob o ponto de vista do exercício profissional. Em cada lei são apresentados os conceitos fundamentais trabalhados por Ranganathan, que defende uma postura profissional dinâmica e atuante para aqueles que lidam com a informação.

1 CONSPECTUS
Conspectus é o espaço encontrado por Ranganathan no início de seus trabalhos para falar não do texto que se propunha a escrever, mas do "pre-texto", daquele momento em que ocorre o ato de criação da escrita, do momento em que o sujeito se torna autor.
Resolvemos então colocar aqui neste Conceptus o pre-texto que nos levou a elaborar este texto.
Como a maioria das pessoas deste século, percebemos que atualmente estamos vivendo um momento de mudanças profundas. Atualmente, não é possível dissociar a postura do profissional de sua própria atividade. Por isto, é preciso repensar nosso papel, como realizamos nosso fazer, quais são os princípios que regem esse fazer.
Neste texto pretendemos analisar, sob o ponto de vista da postura e da atividade do profissional da informação, as cinco leis de Ranganathan, que tornaram evidentes os princípios da atividade biblioteconômica.
Este é o nosso "pre-texto" – falar sobre o profissional e sobre a sua postura diante deste emaranhado que é a informação e falar principalmente para o futuro profissional, aquele que será sempre inovador – o estudante.
2 RANGANATHAN: UM PEQUENO HISTÓRICO
Shialy Ramamrita Ranganathan nasceu em 9 de agosto de 1892, em Shialy, na Índia. Sua família pertencia à casta dos Bramanides. Era extremamente religioso, vegetariano e admirador de Gandhi. Graduou-se em Matemática na Universidade de Madras em 1916. Tornou-se, então, professor de Matemática, exercendo essa atividade durante sete anos em três das faculdades da Universidade de Madras.
Ranganathan, além de professor de Matemática, era um homem extremamente politizado: como profissional, lutava pela melhoria de condições de trabalho de sua classe e, como professor, preocupava-se com o ensino e a pesquisa em seu país. Iniciou uma campanha visando a melhoria das condições da biblioteca da Universidade de Madras. Assim, quando em 1924 vagou o cargo de bibliotecário desta Universidade, foi praticamente levado por seus colegas a candidatar-se ao cargo, que acabou por acarretar uma profunda mudança em sua vida e na própria área da Biblioteconomia.
Um dos requisitos do cargo era que o bibliotecário que assumisse deveria estudar Biblioteconomia na Grã-Bretanha. Em 1924, ingressa na Escola de Biblioteconomia na College University, em Londres para especializar-se. Inicia um caminho de estudos e observações que o levou a entender o que era na verdade o complexo mundo da Biblioteconomia, mundo que se colocava entre aquele que produzia e registrava o conhecimento e aquele que necessitava de informação/conhecimento contido nos documentos.
Um dos professores da Escola de Biblioteconomia de Londres, W. C. Berwick Sayers, logo de início vê em Ranganathan uma personalidade marcante no campo da investigação, acabando assim, por orientar seus estudos. Sayers aconselha Ranganathan a entrar em contato com o maior número de profissionais bem como visitar bibliotecas o máximo de bibliotecas possíveis; a trocar experiências; a ouvir e verificar tudo, pois a biblioteconomia, dizia Sayers: é "uma área que possui uma peculiaridade, a da criação, o que aprendemos na Universidade e nos livros são somente os princípios" (Satija). Isso nos leva, de pronto, a assumir que o profissional desta área não deve se caracterizar como um caracol que fica dentro de sua casca, muito pelo contrário, deve ter a coragem de conhecer o novo, de investigar, de criar.
E isso Ranganathan tinha: a coragem de criar.
Desta forma, ao visitar cerca de cem bibliotecas de tipos diferentes, ele as encontra em diferentes estágios de desenvolvimento. Isso facilita o estudo comparativo das práticas biblioteconômicas. Porém, faz com que Ranganathan perceba também que existem pacotes de diversas práticas, sem uma relação integral. Sua experiência anterior no estudo científico e as observações realizadas acabam por levá-lo a ocupar-se com uma série de questionamentos, que o acompanham até a primeira metade de 1925, quando já tinha reassumido o cargo na Biblioteca de Madras:
"Não seria possível reduzir todos os agregados empíricos de práticas e informações a um punhado de princípios básicos? Não seria possível aplicar o processo de indução neste caso? Não seria possível alcançar todas as práticas conhecidas pelo processo de dedução de algum dos princípios básicos? Não contém os princípios básicos, como implicações necessárias, muitas outras práticas não correntes ou conhecidas no presente? Elas não se tornarão necessárias, como e quando mudarem as condições–limite colocadas pela sociedade?" (Ranganathan, Prolegomena)
Todas estas questões, diz Ranganathan, fazem parte do campo das ciências sociais e não das ciências naturais. Mas o método científico era igualmente aplicável em ambos os campos, pois o que era hipótese nas Ciências Naturais era princípio normativo nas Ciências Sociais. Assim, o que cada dia mais deixava Ranganathan intrigado era tentar desvendar os princípios normativos que poderiam apontar para tendências futuras, naquele momento, não tão óbvias, na área da Biblioteconomia.
A partir da observação e do trabalho com as práticas biblioteconômicas, empreende esforços no sentido de teorização da área. No campo desta teorização enuncia as Cinco Leis que irão orientar todo o fazer do profissional da informação.
3 AS CINCO LEIS DA BIBLIOTECONOMIA
Em 1928, cada dia mais envolvido com as questões biblioteconômicas, e cada vez mais preocupado com os princípios que poderiam nortear as atividades do profissional da informação, conta Ranganathan que, em uma noite em que colocou de lado todas as outras tarefas para concentrar-se nestas questões, encontra-se com seu antigo professor de Matemática, Edward B. Ross, a quem devia "todo o seu ser intelectual e por quem tinha grande afeição" (Satija) e expõe as suas angústias. Edward B. Ross, por essa relação estreita com Ranganathan, acaba por acompanhá-lo em sua nova esfera de trabalho. Dialogando com Ranganathan em um dado momento enuncia – "Diga, livros são para serem usados, diga que isso é a sua primeira lei". Assim, a enunciação das outras quatro leis ( a cada leitor o seu livro, a cada livro o seu leitor, poupe o tempo do leitor, a biblioteca é um organismo em crescimento) foi automática e a apresentação e divulgação das leis foi iniciada naquele ano em vários cursos e eventos na Índia. Em 1931 publica a primeira edição do livro "As Cinco Leis da Biblioteconomia", no mesmo ano em que, a partir de seus esforços, foi criado o primeiro Curso de Biblioteconomia na Índia.
Atualmente, estas Cinco Leis permeiam e são consideradas como base para todas as atividades biblioteconômicas, como: Seleção e Aquisição ; Administração de Bibliotecas; Recuperação de Informação; Classificação e Indexação; Atendimentos aos Usuários etc. E "como Leis Fundamentais em qualquer outra disciplina, as Cinco Leis são simples e podem, mesmo, aparecer como sendo triviais"(Ranganathan, Five laws). Mas são elas que permitem que o profissional, possa compreender de uma forma mais abrangente a função de sua profissão, dentro de um contexto social, que permite definir critérios e princípios de ação que vão desde o posicionamento ético deste profissional até a escolha de métodos e técnicas para o seu fazer diário.
Neste artigo, abordaremos as Cinco Leis sem vinculá-las a uma atividade específica da biblioteconomia[1], mas sim analisando-as a partir de uma visão ética, social e profissional que os envolvidos devem ter como princípios de ação no exercício de sua profissão.
Além desta perspectiva, construímos o nosso texto tomando por princípio o "Método Científico em Espiral" (Ranganathan, Prolegomena) , no qual ele discute o processo do conhecimento como uma espiral em eterno desenvolvimento, onde uma dada ação interfere na ação subseqüente e assim sucessivamente. Assim, cada lei desencadeará a próxima lei fazendo com que ocorra um processo cíclico e dinâmico.

1ª LEI – Os livros são para serem usados
Nesta primeira lei, Ranganathan discute questões que irão envolver a democratização da informação, pois o que faz com que a instituição biblioteca exista é o fato do homem, ao desvendar o mundo, ao trocar experiências sobre suas descobertas e ao comunicar estas descobertas e avanços para possibilitar a transmissão de conhecimento, elabora registros, inscrições. Estes devem estar organizados, armazenados e preservados para propiciar a transmissão de conhecimento para a geração futura.
Nesta medida, a biblioteca é a organização que tem por função organizar, tratar e disseminar as informações contidas nestes registros visando sua difusão e criando meios para a propagação do saber.
Atualmente, mais do que nunca, o bibliotecário deve ser o grande dinamizador, pois deve propiciar que os livros/documentos/informações possam ser utilizados, e não para serem somente armazenados.
Se até o século dezenove o número de literatura era relativamente pequeno – o que transformava na maioria das vezes, o próprio produtor de conhecimento em usuário, pois o acesso ao conhecimento era possibilitado a poucos, e os bibliotecários eram grandes estudiosos e por vezes produtores também de conhecimento, nos tempos atuais, com o volume cada dia maior de literatura, com esse caos documentário, e a impossibilidade de se acompanhar todas as transformações das diversas áreas de conhecimento, o bibliotecário deve desenvolver mecanismos para que as informações possam ser divulgadas, possam ser democratizadas.
Mas, aponta Ranganathan, que para democratizar o uso da informação, é necessário empreender esforços políticos visando a educação irrestrita. Nem todos podem ter acesso à informação, não porque não estejam interessados, mas porque a desconhecem. Este era um fato constante na Sociedade Indiana, onde uma grande maioria não tinha acesso ao conhecimento registrado, o que até hoje ainda é uma realidade não apenas naquela Sociedade, mas também para uma grande maioria de indivíduos de nossa Sociedade. Assim, todo homem tem o direito de ser um leitor em potencial, o que acaba levando-o ao enunciado da 2ª Lei.-
2ª LEI – A cada leitor o seu livro
Possibilitar que cada leitor obtenha o seu livro é, antes de tudo, afirmar que todo homem deve ter acesso ao conhecimento. Ranganathan afirma que a educação de um povo é uma vontade política (Ranganathan, Five laws).
Esta lei propicia a discussão do bibliotecário como educador, apresentando as diferenças sociais, políticas e econômicas do mundo em geral, discutindo o papel dos países dominadores e dominados, e como esses fatores influenciarão questões que envolvem o acesso à informação. O papel do bibliotecário é também de conscientização da importância de uma política educacional em seu país e sensibilização dos políticos e da sociedade, de uma maneira geral, da importância deste acesso à informação.
Na segunda lei, Ranganathan propõe que se realizem campanhas envolvendo as bibliotecas públicas e os meios de comunicação. Estas ações permitirão que todos indiscriminadamente possam se beneficiar do conhecimento registrado e organizado na instituição biblioteca. O importante aqui é permitir a acessibilidade à informação - naquele momento, o livro -, a cada leitor/usuário, seja ele real ou virtual.
Mas, como indiano, inserido em suas tradições, e como um grande observador das necessidades humanas, sabia que nem todos necessitavam da mesma informação, que o princípio da diferença era o que permitia aos homens estarem em cadeias evolutivas diversas ou em estados sócio-culturais diferentes.
Pois nem tudo é interesse de todos, cada indivíduo tem as suas necessidades. Na área da Biblioteconomia é imprescindível defender essas diferenças.
O que acaba por levá-lo a enunciar a 3ª lei.
3ª LEI – Para cada livro o seu leitor
Nesta terceira lei, Ranganathan apresenta o livro/documento como um veículo de comunicação/transporte que permite que um ou vários indivíduos apresentem as observações, descobertas e questionamentos sobre os fenômenos e ocorrência do mundo que o(s) cerca(m)[2]. Nesta perspectiva de autoria coexistem, também, leitores diferentes.
Cada pessoa, devido à sua formação, suas crenças e visões de mundo, possuem necessidades diferentes e é necessário que o bibliotecário – como um profissional que está preocupado em fornecer a informação adequada para o usuário certo – tenha como princípio de ação a diferença , para que possa servir como um elemento facilitador entre cada usuário e o livro/documento/informação adequados
Assim, como vimos anteriormente, na segunda lei, a biblioteca deve ter um papel social , possibilitando condições de acesso à informação. Com a enunciação da terceira lei podemos dizer que o bibliotecário deve perceber as necessidades de cada usuário, respeitar as suas diferenças individuais.
Ranganathan propõe então: respeito aos diferentes tipos de usuários (diferença etária, cultural, social, psicológica, educacional, etc.), e para usuários diferentes, diferentes bibliotecas e diferentes formas de organização dos acervos. Atualmente estas questões são apresentadas na literatura da área através dos conceitos de canais e linguagens diferentes para cada necessidade do usuário, ou dito de outra forma, sobre a questão do reempacotamento de informações.
Mas ao dirigir o "olhar" para a organização dos acervos, para atender a usuários diferentes, está intrinsecamente visando também recuperar informação, pois a biblioteca não é um depósito, existe um tempo de recuperação; o homem atual precisa estar informado sobre a evolução do conhecimento de sua área de interesse em menor tempo possível. O que leva Ranganathan a enunciar a 4ª lei.
4ª LEI – Poupe o tempo do leitor
O bibliotecário, além de ser um dinamizador, deve ser um agilizador de informação. A coleção deve ser organizada visando as possibilidade de recuperação. A partir desta lei, Ranganathan discute questões ligadas à organização/recuperação do acervo: métodos, técnicas e instrumentos adequados que possam atender à necessidade dos usuários, possibilitando que as informações contidas nos documentos possam chegar ao usuário em menor tempo possível.
Mas, por que Ranganathan estava tão preocupado com o tempo do leitor? Por que a necessidade de criação de instrumentos adequados a populações específicas de usuários? Enfim, por que a existência de todo um aparado complexo? Porque todo usuário tem o direito de acesso à informação atualizada no seu campo de interesse, em menor tempo possível.
Esta lei evidencia que, para que as atividades do bibliotecário possam funcionar satisfatoriamente, é necessário que este profissional de informação não se comporte como um mero repassador de informação/documento, aceitando métodos e técnicas estabelecidos, mas criando em seu fazer diário instrumentos e formas de ação mais adequados ao Sistema de Informação no qual está inserido. Mas que se comporte como pesquisador e pensador do seu fazer, tendo a disposição e a coragem para, se for necessário, pesquisar novas técnicas, novos métodos e novos instrumentos que possibilitem um atendimento mais eficaz ao seu usuário.
Para isso é preciso desenvolver e, também quando for o caso, introduzir princípios novos para as atividades de Administração de Bibliotecas, de Seleção, de Disseminação de Informação, de Catalogação, de Serviço de Referência, de Classificação, etc. Ranganathan apresenta então nesta lei, uma série de discussões a respeito destas atividades, sempre incentivando o profissional da informação a ter a coragem de criar novas formas de organização, e de quebrar paradigmas já estabelecidos. Ele dá o exemplo quando propõe um novo método classificatório para possibilitar maior hospitalidade – entrada de novos assuntos na Tabela – nos esquemas de Classificação e, consequentemente, estar mais acessível à evolução do conhecimento e à criação de novos assuntos, o que até então não era possível nos Esquemas vigentes.
Toda esta organização é necessária porque visa a atender ao crescimento constante do acervo, pois a biblioteca não é mais uma organização estática, ela é dinâmica, o que acaba por levar Ranganathan a enunciar a 5ª lei.
5ª LEI – A biblioteca é uma organização em crescimento
O homem através dos séculos, ao conhecer novas técnicas, novos instrumentos, ao desvendar a natureza, sentiu a necessidade de comunicar as suas descobertas e para isso registrou. É principalmente na biblioteca que estão esses registros; ela é a depositária do conhecimento humano. Portanto, a biblioteca é uma organização em crescimento, pois a produção de conhecimento é um ato contínuo e dinâmico do ser humano. Para que a instituição Biblioteca possa acompanhar esse crescimento, fazem-se necessários bibliotecários com postura mais dinâmica e criativa, pois novos assuntos surgem, bem como novos usuários com características diversas. Isto exige a todo momento, um repensar sobre as práticas e instrumentos utilizados e sobre as atividades realizadas.
Assim, se é verdade que o homem elabora registros para comunicar suas descobertas é necessário que esses registros possam ser usados, como diz Ranganathan – os livros são para uso. E isso nos leva a um movimento contínuo, na enunciação das leis, pois uma é necessária porque as outras existem. Esse é o Método Científico apresentado por Ranganathan e caracterizado pelo movimento sem fim em espiral.
4 CONCLUSÃO
Subjacente a todas as leis, podemos observar que Ranganathan nos leva a todo momento a um movimento do pensar que preconiza e discute a postura do bibliotecário, como um profissional que tem por função possibilitar o acesso à informação. Informação que não deve ser encarada como uma entidade que somente carrega bits e bytes, mas como uma das possibilidades do ser humano de obtenção de conhecimento sobre o mundo que o cerca, podendo assim, iniciar o processo de transformação social, econômica, e por que não, ética.
O profissional que atua nesta área deve ter bastante discernimento e visão do seu papel, que não é o de somente repassador de informação, mas de uma pessoa que deve ter a postura de um educador, que se preocupa com a qualidade da informação que repassa, de como repassa e para quem repassa. Pois o conhecimento registrado em qualquer veículo informativo tem um papel social, que na maioria das vezes, para não afirmar sempre, pode ser transformador.
Assim, quando enumeradas as Cinco Leis da Biblioteconomia, elas se restringiam ao contexto da Biblioteca. Hoje, com o desenvolvimento das atividades biblioteconômicas, elas podem ser perfeitamente aplicadas em todos os Serviços de Informação, que envolvem as atividades de profissionais que estão entre o produtor de conhecimento e o necessitador de informação.
Atualmente, elas poderiam até ser aplicadas ao Setor Quaternário, setor em que o objeto dinamizador é a informação, cuja disseminação leva em conta critérios visando a análise do poder de transformação/paralização, libertação/manipulaçãp, entendimento/ignorância, que acabam por exigir um repensar constante dos profissionais que lidam com a informação quanto à sua postura ética. Uma ética que preconiza a revitalização dos valores, de novos e de velhos valores que devem ser repensados

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Carro que vira avião em 30 segundos é aprovado nos EUA

Monomotor custará o equivalente a R$ 360 mil e começará a ser entregue em 2011, segundo empresa.
BBC 
A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou a produção de uma aeronave também preparada para andar como um carro nas ruas.
O veículo recebeu aprovação para ser produzido como uma aeronave esportiva leve, apesar de pesar cerca de 50 quilos a mais do que o permitido na categoria.
Nesse tipo de categoria, é preciso apenas 20 horas de voo para se obter uma licença.
Mas a Terrafugia, a empresa que criou o protótipo do Transition, disse que era impossível colocar todos os equipamentos de segurança exigidos para um carro desse tamanho respeitando o limite de peso e acabou conseguindo que a autoridade reguladora da aviação no país abrisse uma exceção e aprovasse o monomotor.
Transition tem autonomia de voo de mais de 700 km (Foto: Terrafugia/BBC)Segurança
O Transition tem autonomia de voo de mais de 700 km, capacidade para duas pessoas, velocidade máxima de 185 km/h no ar e pode ser transformado de carro em avião em apenas 30 segundos pelo piloto, segundo a Terrafugia.
Movido a gasolina comum, o protótipo tem tração nas rodas dianteiras para circular nas ruas e um propulsor para o voo.
Quando está em sua configuração como carro, com as asas dobradas, tem um tamanho que permite que seja guardado em uma garagem comum.
Segunddo a Terrafugia, uma das principais vantagens do carro sobre aeronaves leves existentes é a segurança, já que o Transition pode ser dirigido na estrada no caso de mau tempo, em vez de ser impedido de voar ou de decolar em condições perigosas.
O carro voador custará em torno de US$ 200 mil (cerca de R$ 360 mil), e a empresa diz que já recebeu 70 encomendas, com os interessados pagando um depósito de US$ 10 mil (cerca de R$ 18 mil).
O veículo deverá começar a ser entregue no fim de 2011, segundo a Terrafugia.
Para os responsáveis pelo projeto, ele terá o potencial para "mudar o mundo da mobilidade pessoal". "Os deslocamentos agora se tornam uma experiência integrada terra-ar sem dores de cabeça. É o que os entusiastas da aviação vêm buscando desde 1918", disse Carl Dietrich, presidente Terrafugia.
acesso em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/06/carro-que-vira-aviao-em-30-segundos-e-aprovado-nos-eua.html

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dicas de português

JUSTAMENTE ou PRECISAMENTE?
A frase é: “A bomba caiu justamente no Hospital da Cruz Vermelha.”
É mais adequado: “A bomba caiu precisamente no Hospital da Cruz Vermelha.”
Não é uma questão de certo ou errado. O advérbio justamente pode significar “precisamente, exatamente”, mas pode provocar mal-entendidos, pois pode significar também “com justiça”. É claro que não era a intenção de quem escreveu a frase. É óbvio que ele não queria dizer que foi justo a bomba cair no hospital, que a queda da bomba tenha feito justiça. Em razão disso, em situações como essa, o melhor é evitar o advérbio justamente e usar precisamente ou exatamente.
Frases ambíguas são sempre perigosas. Imagine o seguinte comentário a seu respeito: “Você foi justamente substituído pelo seu maior inimigo”. Observe que a frase admite duas interpretações: que você foi substituído precisamente pelo seu maior inimigo ou que você foi substituído com justiça pelo seu maior inimigo. Não sei o que é pior.
TERMINAR ou ACABAR?
A frase é: “O diretor terminou de chegar para a reunião das 10h.”
É melhor: “O diretor acabou de chegar para a reunião das 10h.”
Devemos evitar o uso do verbo terminar mais infinitivo. Em vez de “terminou de chegar”, é melhor “acabou de chegar”; em vez de “terminou de escrever um livro”, é preferível “acabou de escrever um livro”.
O verbo acabar também merece uma observação. Devemos evitar o uso do verbo acabar com os verbos começar, iniciar, terminar ou com o próprio verbo acabar. Observe que construções estranhas: “O jogo acabou de começar”; “O filme acabou de terminar”. Pior ainda é a aula que “acabou de acabar”.
CUSTAS ou CUSTO?
A frase é: “Recebeu uma ajuda de custas.”
O certo é: “Recebeu ajuda de custo.”
Toda ajuda é de custo. Você pode receber uma ajuda para pagar as custas de um processo, mas não existe “ajuda de custas”.
Qual é forma correta? “Ele vive às custas do pai ou Ele vive à custa do pai”? Embora seja usual e alguns autores já aceitem, a locução prepositiva “às custas de” deve ser evitada. É preferível seguir a tradição: “Ele vive à custa do pai”.
CERCA DE ou ???
A frase é: “Respondeu a cerca de 43 perguntas.”
O adequado é: “Respondeu a 43 perguntas.”
Não devemos usar “cerca de” para números exatos ou quebrados. Foram “precisamente ou exatamente 43 perguntas”. Só podemos usar “cerca de, por volta de, em torno de, aproximadamente” com números redondos: “Respondeu a cerca de cem perguntas”; “Eram em torno de 500 candidatos”; “Estavam presentes aproximadamente dez mil manifestantes”.
Devemos tomar muito cuidado com os números. Comparações exageradas podem prejudicar a clareza da frase: “Com o dinheiro do prêmio daria para comprar 350 escritórios na Avenida Paulista”. Confesso que imagino ser muito dinheiro, mas não tenho ideia da quantia. Você saberia me dizer se um apartamento onde coubessem dez milhões de caixinhas de fósforo é grande ou pequeno. Nem eu.
CHANCE ou RISCO?
A frase é: “A chance de ele ser condenado é enorme.”
O adequado é: “O risco de ele ser condenado é enorme.”
Não devemos usar “chance” para coisas negativas. Chance e oportunidade são palavras de carga positiva: “Ele tem a chance de ser absolvido”; “Finalmente, eles têm a oportunidade de serem os campeões”. Para coisas negativas, a palavra “risco” é mais apropriada.
Outra palavra de carga negativa é o verbo “tachar”. Você já viu alguém ser “tachado” de herói, de craque ou de inteligente? É óbvio que não. Quando alguém é tachado, pode esperar coisa ruim: “tachado de corrupto, de burro, de perna de pau, de ladrão…”
ACABA COM ou ACABA EM?
A frase é: “Sequestro acaba com dois mortos e três feridos.”
Melhor seria: “Sequestro acaba em dois mortos e três feridos.”
“Acabar com dois mortos e três feridos” é confuso e paradoxal. Que significa “acabar com dois mortos”? E “acabar com três feridos” significa execução e morte? O fato é que, quando o sequestro acabou, havia dois mortos e três feridos. A confusão se deve a dois “culpados”: o “ambíguo” verbo acabar e a preposição “com” indevidamente usada em lugar de “em”.
Cuidado com o excessivo uso do verbo tirar. Hoje em dia, tiramos título de eleitor, tiramos pressão, tiramos impressões digitais… Se continuar assim, em breve não teremos mais nada!!! Ora, na verdade, nós só tiramos o título de eleitor da gaveta quando vamos votar. Quando alguém não tem o título de eleitor, em vez de tirar, é melhor solicitar sua confecção no órgão competente. Quanto à pressão, é melhor medi-la. Se “tirar a pressão”, você corre o risco de morrer. E, por fim, tirar as impressões digitais certamente causará muita dor!
COMPROMISSADO ou COMPROMETIDO?
A frase é: “O nosso prefeito sempre esteve compromissado com a verdade.”
O correto é: “O nosso prefeito sempre esteve comprometido com a verdade.”
Ultimamente, os nossos políticos só andam “compromissados” com a verdade, porque comprometidos, que é bom, nem pensar… E muito menos com a língua portuguesa. Ora, o particípio deriva do infinitivo. O particípio é comprometido porque deriva do verbo comprometer, e não do substantivo compromisso. É comprometido, da mesma forma que remeter é remetido, e não “remessido”; prometer é prometido, e não “promessido”; cometer é cometido, e não “comessido”.
Pior ainda foi aquele político que disse ter nascido na Bahia e ter sido concebido na Santa Casa. Nascer num hospital é fato normal, mas ser concebido?! É, no mínimo, um estranho lugar para alguém ser concebido. Em todo caso, hoje em dia tudo é possível. São tantas as fantasias…

AMORTIZAR ou AMORTECER? e MINIMIZAR ou DIMINUIR?
A frase é: “A água amortizou sua queda.”
O correto é: “A água amorteceu sua queda.”
Amortizar e amortecer são derivados de morte (=levar à morte). Significam “diminuir, amenizar”. Há, entretanto, uma sutil diferença: amortizar só é utilizado para se referir a dívidas ou bens materiais. Se você pagou à Caixa Econômica mais uma prestação referente ao financiamento feito para adquirir a casa própria, você amortizou sua dívida (=diminuiu a dívida). Quando você cai, sua queda pode ser amortecida pela grama ou pela água (=amenizada/suavizada pela grama ou pela água).
Mais do que diminuir é minimizar, que é um neologismo já devidamente registrado no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras, e nos novos dicionários Aurélio, Houaiss, Caldas Aulete, Michaelis… Certa vez, um aluno definiu minimizar como “diminuir ao máximo”. Ele tinha alguma razão. Apenas misturou duas possibilidades: “reduzir ao mínimo” com “diminuir o máximo possível”. Outro aspecto a ser observado é o uso do verbo minimizar com um sentido “suspeito”. Há quem diga: “É preciso minimizar o fato”. Nesse caso, minimizar é usado com o sentido de “atenuar, suavizar”. Ou pior: “fazer o fato parecer menor”

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uso exagerado da tecnologia torna a mente preguiçosa

Aparelhos facilitam o dia a dia, mas têm lado negativo.
Corpo e mente também precisam evoluir.

Ana Cássia Maturano Especial para o G1, em São Paulo
Ilustra psicóloga
Acompanhando as notícias da Copa da África do Sul pelo rádio, ouço o correspondente comentar com o apresentador do programa que, por usar o GPS (Sistema de Posicionamento Global) para encontrar os caminhos em Joanesburgo, estava ficando preguiçoso. Isso porque, ao ser questionado sobre o local em que estava na cidade, não soube responder.
Provavelmente, sem esse aparelho, que orienta a direção a ser tomada, o repórter teria que usar mapas (lendo-os e transformando-os em caminhos), pedir informações a outras pessoas (que geralmente indicam pontos estratégicos) e contar com sua observação e memória. Isso, tendo a noção de sua localização. Quanta atividade mental!
O GPS indica o caminho para se chegar a determinado lugar, facilitando a vida de muitos, principalmente de viajantes e profissionais cuja atividade envolve a locomoção por vários locais, como os motoristas de táxi.
Apesar da importância desse e de outros aparelhos, que facilitam a resolução de pequenos problemas do dia a dia, eles também trazem aspectos negativos para as pessoas, como mostra o caso do repórter que sentiu que estava preguiçoso.
É também o caso do sedentarismo. Já ouvimos muito do quanto o homem se exercitava mais sem a utilização do controle remoto, por exemplo. Ou quando, antes da maioria ter carro, andava-se muito mais.
Estamos sempre procurando facilitar a nossa vida, mas ganha-se de um lado e perde-se do outro. Se as coisas se tornam mais fáceis e rápidas, isso nem sempre traz vantagens. Do mesmo modo que temos prejuízos físicos, também temos mentais: a mente, assim como o corpo, também precisa ser exercitada.
Uma das sugestões para se prevenir o Mal de Alzheimer, tipo de demência neurodegenerativa, é estimular o cérebro através de atividades como palavras cruzadas, jogos de cartas, leituras e outros. Não precisamos ir tão longe. O uso da tecnologia para facilitar o trabalho da mente a torna preguiçosa, pouco hábil e sem destreza.
Adolescentes
Às vezes, encontramos adolescentes que raramente usam o dicionário, nem sempre sabendo como fazê-lo. Quando necessitam saber o significado de uma palavra, tiram a informação da internet, que a traz pronta. Não é difícil imaginar que o uso do dicionário impresso exige da pessoa muito mais em termos mentais que o on-line. Além de necessitar usar de ordenação, tendo que puxar pela memória a sequência alfabética, depara-se com outras palavras que ainda não conhecia.
Ou então, para fazer uma pesquisa escolar, recorre ao Google: lança-lhe uma pergunta cuja resposta vem de inúmeros sites, bastando imprimir a melhor. A biblioteca deixou de ser um lugar para se buscar informações. Antes da internet, os alunos a frequentavam, exigindo deles uma busca ativa em enciclopédias, dicionários e outras publicações. Além de usarem de análise e síntese para escrever o resultado de suas buscas.
E a dificuldade com cálculos simples de matemática? Para que saber a tabuada se a calculadora dá isso pronto? Pensando assim, não tem muito sentido. Mas ao nos darmos conta de que desenvolver o raciocínio matemático propicia o pensamento lógico, a coisa muda de figura.
Longe de achar que a tecnologia é algo ruim. Pelo contrário. Com ela pode-se ter informações sem as quais seria muito difícil avançar no conhecimento do mundo e facilitar o dia a dia (por que não?).
Mas sem exageros. Temos que lembrar que não só a tecnologia tem que ser cuidada e evoluir. Nós também. E isso só conseguiremos se estivermos funcionando a pleno vapor – mente e corpo.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Fonte 




Moradores vivem cenário de guerra e destruição em cidade alagoana

23/06/2010 13h38 - Atualizado em 23/06/2010 14h06



Em Branquinha, nenhum prédio público ficou em pé após enchente.
Cidade terá de ser reerguida às margens de rodovia BR-101.

Os moradores de Branquinha (AL) estão vivendo em um cenário de destruição depois da enchente que atingiu o estado desde sexta-feira (18). Nenhum prédio público ficou em pé na região central do município, não há um documento oficial inteiro, segundo a prefeita Ana Renata Freitas Lopes. Segundo ela, a cidade terá de ser reerguida em um novo local, saindo das margens do Rio Mundaú para ladear a rodovia BR-101, que fica em uma topografia mais alta e plana.
Muitas pessoas tentam voltar para o que sobrou de suas casas e recuperar roupas, móveis, pequenos objetos, mas enfrentam a dificuldade da chuva, que ainda atinge a cidade e mantém o leito do Rio Mundaú alto e com uma correnteza forte. Além disso, os moradores precisam superar o intenso odor de "carniça", como eles mesmos descrevem.
"Esperamos que as pessoas que estão desaparecidas sejam encontradas o mais rápido possível, mas ainda é possível acreditar que mais pessoas possam estar mortas na cidade. Por isso é importante a vinda de cães farejadores para eximirmos essa dúvida. De qualquer forma, estamos fazendo o recadastramento dos moradores. Primeiro, para sabermos quem efetivamente está desaparecido. Segundo, porque não restou um documento sequer nessa destruição", disse a prefeita.
Renata disse não acreditar que o município se transforme em um local fantasma. "As pessoas que estão indo embora e dizem que não voltam mais estão abaladas, chocadas com a destruição e a perda dos bens, da casa, de tudo que tinham. Se saírem daqui, elas vão acabar voltando", afirmou a prefeita.
Ela disse ao G1 que pretende conversar com representantes do governo Federal para tentar rever os deslocamento da cidade para outro terreno. "Teremos de construir novas casas e precisaremos de apoio federal. Se der certo, gostaria de conversar com o presidente Lula, nesta quinta-feira (24), quando ele estiver na região. Teremos de criar um novo plano diretor, rever a questão dos assentamentos de terra e das propriedades rurais dos usineiros. Branquinha é uma cidade cercada de assentamentos legais e de plantações de cana-de-açúcar."
Renata disse que essa será uma batalha que poderá durar meses até fazer com que a cidade volte à rotina de antes da enchente. "Sei que a questão da propriedade de terra será um entrave delicado, mas será preciso. Quem tem muita terra terá de doar para o muncípio, precisaremos de espaço para a cidade voltar ao normal."
A administradora municipal disse ainda que a região destruída não será habitada novamente. "Pretendo fazer com que a área que fica às margens do rio sirva de ponto de lazer apenas. Não podemos correr o risco de uma nova enchente abalar toda a comunidade como aconteceu agora", disse Renata. Ela lembrou ainda que a última enchente que atingiu a cidade ocorreu em 2000, mas os prejuízos foram bem menores do que os provocados por esta inundação.
Hospital de campanha
Homens da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros de Alagoas começaram a montar a estrutura para abrigar o hospital de campanha em Branquinha. Uma equipe de médicos do Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências (Grau), de São Paulo, está na região para ajudar no processo

terça-feira, 22 de junho de 2010


(01) Estamos em Belém Novo, município de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, mais precisamente na latitude trinta graus, doze minutos e trinta segundos Sul e longitude cinquenta e um graus, onze minutos e vinte e três segundos Oeste.

(02) Caminhamos neste momento numa plantação de tomates e podemos ver à frente, em pé, um ser humano, no caso, um japonês.

(03) Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato dos olhos, por seus cabelos pretos e por seus nomes característicos.

(04) O japonês em questão chama‑se / Suzuki.

(05) Os seres humanos são animais mamíferos, bípedes, que se distinguem dos outros mamíferos, como a baleia, ou bípedes, como a galinha, principalmente por duas características: o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor.

(06) O telencéfalo altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar informações, relacioná‑las, processá‑las e entendê‑las.

(07) O polegar opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão.

(08) O telencéfalo altamente desenvolvido, combinado com a capacidade de fazer o movimento de pinça com os dedos, deu ao ser humano a possibilidade de realizar um sem número de melhoramentos em seu planeta, entre eles, cultivar tomates.

(09) O tomate, ao contrário da baleia, da galinha e dos japoneses, é um vegetal.

(10) Fruto do tomateiro, o tomate passou a ser cultivado pelas suas qualidades alimentícias a partir de mil e oitocentos.

(11) O planeta Terra  produz cerca de sessenta e um milhões de toneladas de tomates por ano.

(12) O senhor Suzuki, apesar de trabalhar cerca de doze horas por dia, é responsável por uma parte muito pequena desta produção.

(13) A utilidade principal do tomate é a alimentação dos seres humanos.

(14) O senhor Suzuki é um japonês e, portanto, um ser humano. No entanto, o senhor Suzuki não planta os tomates com a intenção de comê‑los. Quase todos os tomates produzidos pelo senhor Suzuki são entregues a um supermercado em troca de dinheiro.

(15) O dinheiro foi criado provavelmente por iniciativa de Giges, rei da Lídia, grande reino da Asia Menor, no século sete Antes de Cristo.

(16) Cristo era um judeu.

(17) Os judeus possuem o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. São, portanto, seres humanos.

(18) Até a criação do dinheiro, a economia se baseava na troca direta.

(19) A dificuldade de se avaliar a quantidade de tomates equivalentes a uma galinha e os problemas de uma troca direta de galinhas por baleias foram os motivadores principais da criação do dinheiro.

(20) A partir do século três Antes de Cristo, qualquer ação ou objeto produzido pelos seres humanos, fruto da conjugação de esforços do telencéfalo altamente desenvolvido com o polegar opositor, assim como todas as coisas vivas ou não vivas sobre e sob a terra, tomates, galinhas e baleias, podem ser trocadas por dinheiro.

(21) Para facilitar a troca de tomates por dinheiro, os seres humanos criaram os supermercados.

(22) Dona Anete é um bípede, mamífero, católico, apostólico, romano. Possui o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. é, portanto, um ser humano.

(23) Ela veio a este supermercado para, entre outras coisas, trocar seu dinheiro por tomates.

(24) Dona Anete obteve seu dinheiro em troca do trabalho que realiza.

(25) Ela utiliza seu telencéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor para trocar perfumes por dinheiro.

(26) Perfumes são líquidos normalmente extraídos das flores que dão aos seres humanos um cheiro mais agradável que o natural.

(27) Dona Anete não extrai o perfume das flores. Ela troca, com uma fábrica, uma quantidade determinada de dinheiro por perfumes.

(28) Feito isso, dona Anete caminha de casa em casa trocando os perfumes por uma quantidade um pouco maior de dinheiro.

(29) A diferença entre estas duas quantidades chama‑se lucro.

(30) O lucro, que já foi proibido aos católicos, hoje é LIVRE / para todos os seres humanos.

(31) O lucro de Dona Anete é pequeno se comparado ao lucro da fábrica, mas é o suficiente para ser trocado por um quilo de tomate e dois quilos de carne, no caso, de porco.

(32) O porco é um mamífero, como os seres humanos e as baleias, porém quadrúpede.

(33) Serve de alimento aos japoneses, aos católicos e aos demais seres humanos, com exceção dos judeus.

(34) Os alimentos que Dona Anete trocou pelo dinheiro que trocou por perfumes extraídos das flores serão totalmente consumidos por sua família num período de um dia.

(35) Um dia é o intervalo de tempo que o planeta terra leva para girar completamente sobre o seu próprio eixo.

(36) Meio dia / é a hora do almoço.

(37) A família é a comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos deste casamento.

(38) Alguns tomates que o senhor Suzuki trocou por dinheiro com o supermercado e que foram novamente trocados pelo dinheiro que dona Anete obteve como lucro na troca dos perfumes extraídos das flores foram transformados em molho para a carne de porco.

(39) Um destes tomates, que segundo o julgamento de dona Anete, não tinha condições de virar molho, foi colocado no lixo.

(40) Lixo é tudo aquilo que é produzido pelos seres humanos, numa conjugação de esforços do telencéfalo altamente  desenvolvido com o polegar opositor, e que, segundo o julgamento de um determinado ser humano, não tem condições de virar molho.

(41) Uma cidade como Porto Alegre, habitada por mais de um milhão de seres humanos, produz cerca de quinhentas toneladas de lixo por dia.

(42) O lixo atrai todos os tipos de germes e bactérias que, por sua vez, causam doenças. As doenças prejudicam seriamente o bom funcionamento dos seres humanos.

(43) Mesmo quando não provoca doenças, o aspecto e o aroma do lixo são extremamente desagradáveis.

(44) Por isso, o lixo é levado para determinados lugares, bem longe, onde possa, livremente, sujar, cheirar mal e atrair doenças.

(45) Em Porto Alegre, um dos lugares escolhidos para que o lixo cheire mal e atraia doenças chama‑se Ilha das Flores.

(46) Ilha é uma porção de terra cercada de água por todos os lados. A água é uma substância inodora, insípida e incolor formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio.

(47) Flores são os órgãos de reprodução das plantas, geralmente odoríferas e de cores vivas.

(48) De flores odoríferas são extraídos perfumes, como os que do Anete trocou pelo dinheiro que trocou por tomates.

(49) Há poucas flores na Ilha das Flores. Há, no entanto, muito lixo e, no meio dele, o tomate que dona Anete julgou inadequado para o molho da carne de porco.

(50) Há também muitos porcos na ilha.

(51) O tomate que dona Anete julgou inadequado para o porco que iria servir de alimento para sua família pode vir a ser um excelente alimento para o porco e sua família, no julgamento do porco.

(52) Cabe lembrar que dona Anete tem o telencéfalo altamente desenvolvido enquanto o porco não tem nem mesmo um polegar, que dirá opositor.

(53) O porco tem, no entanto, um dono. O dono do porco é um ser humano, com telencéfalo altamente desenvolvido, polegar opositor e dinheiro.

(54) O dono do porco trocou uma pequena parte do seu dinheiro por um terreno na Ilha das Flores, tornando‑se assim, dono do terreno.

(55) Terreno é uma porção de terra que tem um dono e uma cerca.

(56) Este terreno, onde o lixo é depositado, foi cercado para que os porcos não pudessem sair e para que outros seres humanos não pudessem entrar.

(57) Os empregados do dono do porco separam no lixo os materiais de origem orgânica que julgam adequados para a alimentação do porco.

(58) De origem orgânica é tudo aquilo que um dia esteve vivo, na forma animal ou vegetal. Tomates, galinhas, porcos, flores e papel são de origem orgânica.

(59) Este papel, por exemplo, foi utilizado para elaboração de uma prova de História da Escola de Segundo Grau Nossa Senhora das Dores e aplicado à aluna Ana Luiza Nunes, um ser humano.

(60) Uma prova de História é um teste da capacidade do telencéfalo de um ser humano de recordar dados referentes ao estudo da História, por exemplo: quem foi Mem de Sá? Quais eram as capitanias hereditárias?

(61) Recordar é viver.

(62) Alguns materiais de origem orgânica, como tomates e provas de história, são dados aos porcos como alimento.

(63) Aquilo que foi considerado impróprio para a alimentação dos porcos será utilizado na alimentação de mulheres e crianças.

(64) Mulheres e crianças são seres humanos, com telencéfalo altamente desenvolvido, polegar opositor e nenhum dinheiro.

(65) Elas não têm dono e, o que é pior, são muitas.

(66) Por serem muitas, elas são organizadas pelos empregados do dono do porco em grupos de dez e têm a permissão de passar para o lado de dentro da cerca.

(67) Do lado de dentro da cerca elas podem pegar para si todos os alimentos que os empregados do dono do porco julgaram inadequados para o porco.

(68) Os empregados do dono do porco estipularam que cada grupo de dez seres humanos tem cinco minutos para permanecer do lado de dentro da cerca recolhendo materiais de origem orgânica, como tomates e provas de história.

(69) Cinco minutos são trezentos segundos.

(70) Desde mil novecentos e cinquenta e oito, o segundo foi definido como sendo o equivalente a nove bilhões, cento e noventa e dois milhões, seiscentos e trinta e um mil,  setecentos e setenta ciclos de radiação de um átomo de césio.

(71) O césio é um material não orgânico encontrado no lixo em Goiânia.

(72) O tomate / plantado pelo senhor Suzuki, / trocado por dinheiro com o supermercado, / trocado pelo dinheiro que dona Anete trocou por perfumes extraídos das flores, / recusado para o molho do porco, / jogado no lixo / e recusado pelos porcos como alimento / está agora disponível para os seres humanos da Ilha das Flores.

(73) O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos é o fato de não terem dinheiro nem dono.

(74) O ser humano se diferencia dos outros animais pelo telencéfalo altamente desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre.

(75) Livre é o estado daquele que tem liberdade.

(76) Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.


Tres gatitos

Resulta que un día el Tío Chiflete encontró tres gatitos en un baldío. Eran muy lindos, todos grises con manchitas blancas, y muy mimosos. El Tío los levantó, se los puso en los bolsillos del saco y se los llevó a la casa.
Cuando llegó, Franca y Lara se pusieron muy contentas con los gatitos, y estuvieron toda la tarde ayudando a cuidarlos y jugando con ellos. Pero los gatitos hicieron mucho lío: la rasguñaron a Lara, se treparon a los muebles y los estantes, hicieron pis y caca por todos lados, volcaron la leche sobre la alfombra y clavaron las uñas en los sillones. Peta se enojó mucho.
Entonces decidieron regalarlos. El Tío se paró en la puerta y los ofreció a los que pasaban, pero ninguno se interesó.
- ¿Qué puedo hacer con estos lindos gatos? - le preguntó a Doña Peta.
- Podés hacer carteles y ponerlos por todo el barrio, para que todos se enteren.
- Pero es mucho trabajo hacer tantos carteles - dijo el Tío.
- No, hacé uno y después encargás 10 o 20 fotocopias.
- Muy buena idea - dijo el Tío, y se fue corriendo a hacer las copias.
Cuando llegó al negocio pensó:
- Mejor hago 50 carteles, para estar seguro de que la gente los vea.
Cuando los tuvo listos, los repartió por los negocios del barrio y los pegó en los árboles. El carnicero y el verdulero se ofrecieron a hacer más copias y ponerlas por sus barrios.
- ¡Qué lindos gatos! - dijo la señora. - Le voy a regalar uno a cada uno de mis sobrinos - Y se los llevó.
Al rato empezó a llamar y venir más gente que quería los gatos.
- Ya los regalé - decía el Tío.
- Ya vino una señora y se los llevó - repetía el Tío.
- Ya me quedé sin gatitos - decía.
- ¡Basta! ¡Me están volviendo loco con tantos llamados! - dijo por fin.
- ¿Cómo puedo hacer para que me dejen de llamar todas esas personas? - le preguntó a Doña Peta.
- Podés poner otro cartel que diga: "No tengo gatitos - Tío Chiflete".
- Muy buena idea - dijo el Tío y se fue corriendo a hacer 187 carteles y colocarlos por el barrio.
Al día siguiente dejaron de llamar personas pidiendo gatitos. Pero empezaron a llamar personas ofreciendo gatitos.
- ¿Así que no tiene gatitos, Señor Tío Chiflete? Yo le regalo dos - dijo el primero que llamó.
- ¿Quiere unos gatitos? Yo le regalo tres - dijo otro señor.
- Y yo cuatro - dijo otro.
Para la tarde, el Tío tenía doce gatitos en su casa, haciendo mucho más lío que antes, tomándose un montón de leche y rasguñando todos los muebles y toda la ropa.
- Ya sé lo que voy a hacer - dijo el Tío. - Voy a poner 435 carteles que digan "Regalo gatitos".
- ¡No! - dijo Peta - Van a venir un montón de personas para buscar gatitos, y después vas a tener que poner más carteles para que dejen de venir. Basta de carteles, si nó este asunto no se termina más. Mejor llevá los gatos a la veterinaria.
En la veterinaria se pusieron contentos de recibirlos, y el Tío Chiflete se pudo dedicar a arreglar todos los líos que habían hecho.
Foto

quinta-feira, 17 de junho de 2010

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Transa gramatical


Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.
E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, e a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente.
Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

*Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O massacre de Corumbiara

O texto de jornal da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia apresenta o ocorrido na data de 09 de agosto de 1995, na cidade de Corumbiara, em Rondônia. Apesar de citar fatos verdadeiros e de público conhecimento, a forma como são colocados e a argumentação deixam margem a questionamentos. Tais como os pontos seguintes.

Não nos parece verdadeira a afirmativa de que o mundo inteiro sabe do massacre de camponeses em Corumbiara - RO. Tampouco parece real a afirmação de que terra é igual vida digna. Tecnicamente, é necessário muito mais que simples terra para se viver dignamente. O texto tem base subjetiva, ou seja, apelam a anseios, coletivos, mas pouco concretos para defender a injustiça do latifúndio. Outro ponto pouco aceitável é denominar “a heróica resistência de Corumbiara”. Não parece heróica uma multidão de camponeses ferida e assustada por tortura física e psicológica, pois o texto e as imagens os colocam como vítimas, subjugados: “camponeses assassinados, gravemente feridos, abalados por sequelas físicas e psicológicas, é a imagem inversa do herói”.

O texto não cita em nenhum momento a versão da parte contrária (latifúndio, polícia, Governo de Rondônia) e nem as mortes dos policiais. E como sabemos que toda história tem duas versões, o Governador de Rondônia (na época do massacre) Waldir Raupp em seus discursos culpou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA pelo massacre e atribuiu aos posseiros à responsabilidade por terem emboscado os policiais que estavam cumprindo ordens.

A LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia conta como ocorreu o massacre, mas não apresenta testemunhas (as vozes de testemunhas fortalecem o texto). Também usa argumentos como “a terra é de quem nela trabalha” que podem ser utilizados contra ela própria. Esse pode ser o argumento de fazendeiros. Trabalhar é um termo muito relativo. Por exemplo: um fazendeiro cria mil cabeças de gado soltas numa área de dois mil hectares em que emprega três peões. Este fazendeiro pode inclusive argumentar-se gerador de empregos. Portanto a citação pode ser um contra-argumento em favor do latifúndio.

Além disso, ainda que sejam de conhecimento público as remissões aos fatos e circunstância são vagas. Está clara a posição do redator em defesa dos camponeses (não que não o mereçam).

O texto ficou enfraquecido por não apresentar a ação, a reação ou mesmo o posicionamento de outros agentes: a população apoiava ou condenava a invasão? E desejava a ação da polícia da forma como ocorreu ou lhe era contrária? E que parecer emitiu a Igreja Católica (e outras) frente à possibilidade da tragédia? Teria sido relevante citar que a imprensa registrou (ou não) os fatos. Por outro lado foi omisso por não dizer do processo de desapropriação por que já passava a fazenda Santa Elina no Incra.

Ainda, ressalte-se que retomada da Fazenda Santa Elina, em 2008, pode ser a recapitulação de uma tragédia. E finalmente: não é verdade que as autoridades “até hoje nada fizeram” uma vez que outras fontes atestam que em 2007 o Ministro Paulo Vannuchi articulava com o governo de Rondônia e com os sobreviventes o pagamento de indenizações.

Portanto, cabe apontar que o texto, apesar de apontar acontecimentos verídicos, foi parcial e falho na forma de apresentá-los. Mostrou-os por uma única via e tomou posicionamento, aspecto que não deve ter um texto jornalístico de crédito. Tais aspectos diminuíram-lhe a força do impacto e do convencimento. Embora seja um jornal em prol dos camponeses, caberia uma forma mais distanciada de argumentação.